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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Como combater a ansiedade

Em vez de culpar os hormônios e esperar passar (pode não passar), engate uma força-tarefa para combater a ansiedade, essa vilã que tortura mais que o stress e envelhece mais que a tristeza. Contra ela, vale meditar, se mexer, reavaliar o estilo de vida, buscar terapia. E conheça a ansiedade do bem, que pode fazer de nós pessoas mais antenadas e confiantes
Thaís Cavalheiro
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Sabe aquela inquietude, aquela sensação de que sempre falta algo para a gente chegar aonde quer que seja? Pois pode chamar de ansiedade – estado emocional que se apossou das mulheres e chama a atenção dos especialistas, especialmente depois de um estudo da Organização Mundial da Saúde mostrar que elas são duas vezes mais suscetíveis ao problema do que os homens. Se até há pouco tempo só existiam suspeitas, agora é verdade científica: a flutuação hormonal está entre os fatores que produzem os clássicos sintomas de um corpo em alerta permanente – palpitações, dores de cabeça, irritabilidade, sudorese, tensão muscular, cansaço, insônia. “Mas isso não é stress?”, pergunta você. Parece, mas não é. O esgotamento físico e mental causado pelos desgastes ou pelas tensões costuma ser passageiro. Diferentemente da ansiedade, mais persistente, que representa uma reação ao stress. Digamos que os dois distúrbios sejam primos-irmãos. Isso porque, ao experimentar a ansiedade, o organismo também prova o gosto amargo do stress. Por trás de ambos está o desequilíbrio no coquetel químico do corpo. No entanto, apontar o dedo acusador para os hormônios não é a melhor atitude. Que tal transpor a barreira do determinismo biológico e olhar a questão sob outro ângulo – o do estilo de vida? De cada cinco pacientes que buscam ajuda médica, quatro são mulheres. Hoje elas são provedoras e estão ca da vez mais envolvidas com a carreira. Se por um lado isso é bom, algumas vezes carregam os efeitos colaterais da briga por um lugar ao sol. E ainda sofrem com a cobrança familiar. “Dar peso grande aos hor mônios como detonadores da ansiedade é um reducionismo e um desrespeito à complexidade do problema”, diz o psiquiatra Frederico Porto, de Belo Horizonte.

Sua vida como ela é

Não há uma receita pronta para sair do problema. Mas essa velha conhecida sensação de urgência costuma se apossar frequentemente da mulher multi-interessada. Você talvez até se reconheça no perfil de quem quer ser competitiva no mundo corporativo sem deixar de escanteio casa, marido, filhos, malhação, cursos... “A mulher quer ser vista como boa em tudo, forte e decidida”, analisa Frederico Porto. “E, às vezes, o preço que paga por tentar manter uma imagem invejável é a ansiedade.” Seria esse um drama exclusivo de quem se jogou no mercado de trabalho? “Não”, diz Porto. “A mulher que optou por ficar em casa também sofre do mal; é cobrada por não ter atividade profissional, assim como aquela que abriu mão de ser mãe é ques tionada por não exercer um papel valorizado soci al mente.” A ansiedade tem seu lado bom. “Não fosse ela, não estaríamos vivos, porque nem sequer olharíamos para os lados na hora de atravessar a rua”, explica Bernik. Trata-se de uma resposta emocional a uma situação adversa, além de ser motivadora: nos estimula a realizar tarefas com atenção, a enfrentar desafios e a suportar a pressão por resultados. Sem esse empurrão, o risco é o de cair em letargia e até perder um pou co da autoconfiança. Só que agir como uma executiva frenética que ainda leva serviço para casa não faz de você uma heroína moderna. É preciso buscar o equilíbrio para também poder dar conta da vida pessoal. Ok, você já cansou de ouvir que a atividade física tem de estar entre as prioridades da agenda. Pois um estudo publicado em Archives of Internal Medicine, uma das mais conceituadas revistas médicas dos Estados Unidos, garante que os exercícios são um antídoto contra a ansiedade. Nele, foram analisadas 40 pesquisas com 3 mil voluntários. Na média, os ativos apresentaram menos sintomas de ansiedade que os sedentários. Não só os exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, natação...) aumentam a produção de endorfina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar. Treinos de força também funcionam. Seja qual for a modalidade, trabalhar o corpo pode ter um resultado até mais efetivo do que o tratamento com ansiolíticos.

Se o dinheiro anda curto para o tratamento médico, procure o serviço público da sua cidade e verifique a possibilidade de uma consulta com um psiquiatra ou um psicoterapeuta. Nas capitais, os ambulatórios das secretarias de Saúde, assim como os departamentos de psiquiatria das faculdades federais e estaduais de medicina, costumam oferecer esse tipo de atendimento. Informe-se.

Técnicas de relaxamento são indicadas – e não como paliativos. A literatura médica é rica no relato de casos em que ioga e meditação ajudaram a resolver o problema. Na Unifesp, exercícios de meditação e relaxamento são usados como auxílio no tratamento do transtorno de ansiedade. A terapia é outra ferramenta. Ela permite desconectar os comandos cerebrais que acionam pensamentos distorcidos, que servem de combustível para o medo irracional típico dos ansiosos. Por fim, não dá para ignorar a possibilidade de rever seu modo de vida. E, vamos combinar, essas mudanças raramente acontecem em manhãs claras e ensolaradas, quando suas relações afetivas estão no auge. “Liberte-se das expectativas dos outros sobre você, reconheça seus limites, potenciais e desejos”, sugere a a psicóloga Lidia Aratangy, de São Paulo. “Dá trabalho, mas vale a pena.” Em suma, dose a vida profissional e a pessoal, comemore até as menores conquistas, dê a justa medida aos desafios e busque viver cada dia de uma vez.

Seis sinais de que você está mesmo ansiosa
1 Está tudo azul na sua vida, mas pensamentos negativos surgem e você acha que o pior vai acontecer.
2 Seu corpo já se habituou ao novo trei no na academia, mas os músculos continuam muito doloridos.
3 Você acabou de almoçar, mas ataca a caixa de bombons até o fim.
4 Você não tem que apresentar em público seu novo projeto de trabalho, mas o coração bate tão disparado que parece querer sair pela boca.
5 Seu chefe marcou uma conversa, está tudo bem, mas horas antes você vai várias vezes ao banheiro.
6 Você já conhece bem seu novo parceiro, mas antes de cada encontro suas mãos ficam muito úmidas.

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